sexta-feira, 4 de abril de 2008

UTI neonatal: um bem necessário

por MAJOY ANTABI, mãe dos trigêmeos Henri, Maila e Laila 31 de maio, 2007


NINGUÉM ME CONTOU COMO ERA UMA UTI NEONATAL. MAS MEUS FILHOS ESTIVERAM LÁ, E EU GARANTO: É BOM PODER CONTAR COM ELA

A PRIMEIRA VEZ QUE VI MEUS FILHOS FOI NO DIA seguinte ao parto, em uma foto tirada pelo meu marido com a câmera digital. Em meus sonhos, sempre havia imaginado que os colocaria no colo, encostaria minha bochecha em suas cabecinhas, escutaria seus coraçõezinhos. Mas as coisas foram totalmente diferentes.

Eu dei à luz com quase 36 semanas, um tempo ótimo para trigêmeos. O peso deles também era excelente: o Henri com 2,260 kg, a Maia com 2,280 kg e a Laila com 2,400 kg. Mas, mesmo assim, poucos minutos após o parto, me separaram dos meus tesouros. Por precaução, foram levados à UTI Neonatal. E eu fui levada ao quarto, onde adormeci sob o efeito de um tranqüilizante.

Acordei me sentindo superculpada: havia dormido a noite toda em paz, enquanto meus bebês lutavam pela vida! Desci para a UTI em uma cadeira de rodas (tinha dificuldade para andar devido à cesariana) e, com meus olhos na altura dos bebês, pude tocá-los dentro das incubadoras. Foi quando me senti mãe! Passei horas olhando cada um deles.

Nos dias seguintes, a maratona foi intensa: eu só saía da UTI para me alimentar e tirar leite – o resto do tempo eu dividia irmamente entre os três. Lá conheci médicos que, apesar de serem uns amores, são um pouco frios para dar notícias. Eram melhoras, recaídas, apnéias, e lá estava eu, no meu plantão interminável, aprendendo termos nunca antes ouvidos. Por isso eu aconselho que escolha um pediatra neonatologista de confiança e peça para que ele acompanhe a estada dos bebês na UTI. No meu caso, o acompanhamento do Dr. Marcelo Reibscheid, que hoje espera o Bruno, fez muita diferença.

Foi também lá, na sala de mães da UTI, que conheci uma de minhas melhores amigas, a Andréa Levi, outra mãe de trigêmeos: Nick, Biel e Teté, de 4 anos. Com ela eu almoçava, tirava leite, ria, chorava, me distraía e rezava. Enquanto nós “tricotávamos” com outras mães, víamos como somos abençoadas.

Meus bebês estavam bem, precisavam apenas ganhar peso e aprender a mamar. No terceiro dia, pude pegar a Maia e o Henri no colo. Eles mamaram no peito e passaram o resto do tempo comigo, de mamãe-canguru. No quinto dia, a Laila também pôde sair da incubadora. No final do sétimo dia, eles foram promovidos: passaram para os berços. Foi nesse dia também que tive de ir embora da maternidade. Meu obstetra não tinha mais como me manter lá, pois, até então, eu inventava um monte de complicações para não ter alta.

Com nove dias, levei o Henri e a Maia pra casa – a Laila ainda precisava de mais tempo. Nos dias seguintes, me dividia entre amamentar dois em minha casa e fazer mamãe-canguru na Laila na maternidade. Dizia a ela que melhorasse logo para ir embora e ficar junto de seus irmãos. Funcionou: após dois dias, teve alta e veio pra casa. É incrível como os bebês reagem aos nossos estímulos: dar amor, muito amor, é fazer milagres! Enfim, saiba que não é uma fase fácil, mas, como tudo na vida, é um aprendizado. Com fé, amor, dedicação e paciência, tudo fica mais fácil. Ah, vale lembrar que não são todos os múltiplos que vão para a UTI. Minha amiga Kelly Teixeira teve a Érica, a Geórgia e o Eduardo com 37 semanas de gestação e foram todos pra casa junto com ela!

Majoy Antabi é fundadora do site www.multiplos.com.br

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