Crises alérgicas têm feito muitos pais conduzirem crianças aos postos e hospitais da cidade (Foto: JOSÉ LEOMAR)
Em tempos de ventos fortes e floração de plantas, crianças sofrem com crises alérgicas e problemas respiratórios
Espirros, tosses, falta de ar, asma, rinite, conjuntivite e alergias. Esses são somente alguns dos problemas alérgicos e respiratórios em crianças pequenas que tanto assustam os pais. E na época de ventos fortes, somados à floração de várias plantas, principalmente do cajueiro, as crises se tornam mais freqüentes, aumentando a procura por tratamento dos postos de saúde e hospitais.
No Hospital Infantil Albert Sabin, por exemplo, essa intensificação da demanda de pacientes com doenças respiratórias já foi percebida. De acordo com a coordenadora da emergência do hospital, Patrícia Sampaio, a situação se repete todos os anos. Segundo a médica, não é possível mensurar esse aumento, mas o problema no período de ventos é fato comprovado.
A médica explicou que a maior parte das consultas é realizada nos próprios postos de saúde. “Nós atendemos somente os casos mais graves como as crises fortes de asma”, diz. Ela lembra que, apesar de intensificadas neste período, as pessoas alérgicas sofrem crises durante todo o ano e existem atitudes que podem evitar o desencadeamento do processo.
A primeira forma de proteger as crianças de alergias, segundo ela, é amamentar a criança exclusivamente até os seis meses de idade, aumentando a imunidade do bebê e adiando o contato com proteínas estranhas. “Mas os casos de alergia têm um componente genético e o cuidado com o ambiente em que uma pessoa que sofre com essa doença deve ser constante”, diz.
Ela lembra, que, apesar dos ventos e da floração de plantas contribuírem para as crises, são os cuidados com a casa da criança que podem evitar ou minimizar os processos alérgicos. Entre os fatores que contribuem para as crises estão fumaça de cigarro, perfumes fortes, inseticida, poeira, bichos de pelúcia, animais com pêlos, cortinas de tecido e ventiladores. Além disso, os alérgicos devem evitar mudanças bruscas de temperatura e dormir com cabelo molhado.
Mas as crianças ou mesmo adultos com alergias não precisam conviver com doenças a vida toda. A médica explica que, afora as medidas profiláticas para evitar as alergias, há tratamentos par alergia, controlando os sintomas, diminuindo a freqüência das crises e minimizar a intensidade.
Ela afirma que, normalmente, após os sete anos de idade, a tendência é que a criança melhore dos problemas respiratórios. Porém, nos casos em que a alergia persiste na adolescência e na vida adulta, há vacinas que podem ser indicadas por um especialista para evitar o desencadeamento de processos alérgicos, dando qualidade de vida aos alérgicos.
RENATA BENEVIDES
Repórter
Entrevista
Crises podem ser evitadas ou minimizadas com tratamento adequado
Por que as crianças são mais afetadas neste período?
O problema sempre ocorre por conta dos ventos mais fortes coincidindo com a floração de plantas, principalmente de árvores como o cajueiro.
O que os pais podem fazer para impedir as crises?
É preciso evitar o fumo dentro de casa ou perto da criança, uso de inseticidas, perfumes fortes, ventilador e tudo que possa desencadear o processo. Caso seja muito necessário usar o ventilador, por conta do calor, a melhor dica é passar um pano úmido no local antes.
Que itens são proibidos na casa de uma pessoa alérgica?
Além da poeira, que exige limpeza constante, essas crianças não devem ter em casa bichos de pelúcia, cortinas de tecido e animais de estimação, principalmente gatos. O jeito é tentar substituir os gatos até os cães por outros bichos como peixe, tartarugas ou outros.
Alimentos também podem causar problemas respiratórios?
Sim. Por isso, é recomendável evitar alimentos com corantes como salgadinhos, biscoitos recheados, refrigerantes, bombons e chocolate.
Os hábitos dessas crianças também devem ser mudados?
Para impedir que uma crise seja desencadeada, é bom não dar banho na criança próximo à hora de dormir, para dar tempo de o cabelo secar, e não expô-la às mudanças de temperatura.
E quando a crise não pode ser evitada, o que fazer?
Os pais devem sempre ter em casa os remédios para alergia, como xaropes, aerossol e bombinhas. Tão logo percebam os primeiros sintomas, devem medicar a criança e não esperar a situação se agravar para somente depois levar ao hospital. O ideal é fazer um tratamento para que a crise comece.
Coordenadora da Emergência do Hias
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