Considerações gerais: A dor lombar é uma entidade comum em adultos acometendo adolescentes e em menor proporção crianças. Entre os distúrbios dolorosos que acometem o homem é muito freqüente, com incidência apenas menor que a cefaléia. A incidência é de aproximadamente 5 % ao ano, sendo que em alguma fase da vida 80% dos indivíduos terão dor lombar. Ela é classificada em aguda e crônica. É considerada aguda quando apresenta duração inferior a um mês e resultante de uma patologia médica destituída de gravidade. Caso a dor persistir por até ou mais de seis meses, é considerada crônica e representa 1% a 5% dos casos. Quando ocorrer compressão de nervos das regiões lombares e sacras esta situação denomina-se ciática, sendo observada em até 40% dos indivíduos ao longo da vida. Em 85% dos pacientes, o diagnóstico é sindrômico, ou seja, a estrutura responsável pela dor da coluna não é identificada.
Entre as principais causas de dor aguda temos: hérnia de disco, fraturas de corpos vertebrais, estiramento muscular ou ligamentar e doenças das articulações interapofisárias posteriores. Estas dores poderão em sua evolução se cronificar. As dores crônicas são de várias causas e entre as mesmas temos:
• degenerativas (estenose do canal vertebral, artrose das articulações interapofisárias posteriores, ossificação ligamentar idiopática),
• congênitas ( cifoescoliose, lordoses, espondilolistese - escorregamento de um corpo vertebral sobre outro).
• inflamatórias (espondilite anquilosante, espondiloartropatias, artrite psoriática, artrite reativa, artrite reumatóide juvenil),
• infecciosas (bacterianas e micóticas), tumorais (metástases ósseas, mieloma múltiplo), metabólicas (osteoporose)
• psicológicas (fibromialgia e dor miofascial)
Alguns fatores contribuem para a dificuldade na abordagem das lombalgias e lombociatalgias:
• Dificuldade em se determinar o local que deu origem à dor, em parte decorrente da complexidade da inervação da região;
• As contraturas musculares não se acompanham de uma lesão demonstrável ao exame histológico;
• Dificuldade na interpretação dos fenômenos dolorosos.
É importante conscientizar o paciente dos fatores de risco que podem promover dor de coluna, dos quais destacamos os principais:
• estilo de vida (vida sedentária e tabagismo);
• exercícios inapropriados ou a não realização dos mesmos;
• sobrepeso e obesidade;
• desobediência às regras básicas de postura;
• já ter apresentado dor previamente.
DIAGNÓSTICO
É importante ressaltar que em aproximadamente 80% dos casos o diagnóstico se estabelece por meio de uma avaliação clínica do adequada do paciente, que inclui história clínica completa, antecedentes pessoais, familiares e psicológicos, interrogatório sobre os diversos aparelhos e exame físico completo, exame do aparelho locomotor inclusive o exame neurológico, segundo resolução número 1627/2001 do Conselho Federal de Medicina, autarquia que regulamenta a prática da medicina.
• a irradiação da dor não apresenta uma distribuição anatômica correspondente à raiz nervosa comprometida;
• exame físico de dor lombar, que caracteriza simulação;
• discrepância na pesquisa de sinais de compressão nervosa, estando o paciente sentado ou deitado.
É obrigatório que o paciente seja informado e conscientizado a respeito de seus problemas. Ele deve ter participação ativa no raciocínio médico que envolve o seu caso, sendo que o médico deve se assegurar que foi compreendido. Os fatores de risco devem ser claramente colocados. Isto possibilitara uma melhor compreensão e aderência por parte do paciente ao tratamento.
A historia natural da dor aguda da coluna lombar (lombalgia aguda) é de uma evolução media de 14 a 30 dias, sendo que 89% dos pacientes se recuperam neste período e retornam ao trabalho e para as suas atividades normais.
Em aproximadamente 1,5% dos casos, os pacientes descrevem sintomas radiculares verdadeiros, resultantes da compressão de uma ou mais raízes nervosas, conhecido como ciática.
Em indivíduos jovens até aproximadamente 55 anos de idade, são de causas mecânicas, principalmente a hérnia de disco e naqueles acima desta idade, são de causa degenerativa, particularmente a estenose de canal.
Naqueles casos em que a ciática é devido à hérnia de disco, no mínimo 95% dos mesmos melhoram com tratamentos clínico, em um período de 02 a 08 semanas, não sendo necessário tratamento cirúrgico.
A indicação cirúrgica deve ser criteriosa, após a realização do tratamento clínico , por um período de 06 a 12 semanas, levando em conta todos os fatores de risco do paciente, a fim de se obter os melhores resultados.
Nos casos de ciática devido à estenose de canal sintomático, 80% dos casos apresentam boa evolução com tratamento clinico com tempo de segmento mínimo de 4 anos, sendo que a cirurgia somente deve ser indicada na falha do tratamento clinico com critérios rígidos.
Em conclusão, o tratamento dos pacientes portadores de dor da coluna lombar, deve ser fundamentado na medicina baseada nas melhores evidências científicas associada à experiência adquirida pelo profissional responsável ao longo dos anos.
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