Com um quadro metabólico bem compensado, a pessoa que tem diabetes corre os mesmos riscos cirúrgicos de um paciente com glicemia normal. Portanto, na hora de decidir por um procedimento estético ou uma reparação, pense, avalie e veja o que pode fazer você mais feliz. Nos últimos anos, a aparência tornou-se elemento extremamente valorizado pela sociedade. Paralelamente, o desenvolvimento científico possibilitou a criação de técnicas mais precisas para correções ou alterações do corpo, tornando a cirurgia plástica uma alternativa cada vez mais procurada por homens e mulheres que desejam reparar danos, corrigir defeitos ou simplesmente transformar as formas para se sentirem mais satisfeitos com seu próprio corpo. |
BOAS CONDIÇÕES
Como em qualquer caso de cirurgia, para fazer a plástica o paciente precisa apresentar boas condições clínicas e, ao contrário do que se pensa, o diabetes não é uma contra-indicação. “Uma pessoa com o diabetes bem controlado apresenta os mesmos riscos de qualquer outro paciente. A questão é o controle. Como a plástica é uma cirurgia eletiva, podemos fazer uma programação, preparando o paciente para a situação”, informa a Dra. Denise Reis, endocrinologista e diretora científica da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ).
A médica explica que, neste caso, o endocrinologista orienta seu paciente a fazer um controle mais rigoroso da glicemia, realizando pontas de dedo com maior freqüência. “Temos que verificar se há ou não alguma complicação no quadro dessa pessoa e se a cicatrização está boa, porque esse tipo de cirurgia eletiva depende de cicatrização adequada. Tenho vários pacientes que já passaram por correção de orelha, lipoaspiração e pálpebra. Se o médico conhece bem seu paciente, faz todos os exames e o monitora. Mantendo a hemoglobina glicada abaixo de 7%, não há problema algum.”
Segundo a Dra. Beatriz, quando a cirurgia será feita em uma pessoa com diabetes, os exames clínico e laboratorial pré-operatório têm que ser muito bem feitos. “Um paciente com diabetes compensado há mais de seis meses e acompanhamento endocrinológico é igual a qualquer paciente com glicemia normal. Mas, como o paciente tem que vir para a cirurgia em jejum, no caso daqueles que tomam hipoglicemiantes orais, suspendemos a medicação um dia antes do procedimento e no dia fazemos a insulina simples, baseada na glicemia. Ou seja, durante a operação fazemos ponta de dedo algumas vezes e vamos administrando insulina simples, sempre monitorando. O paciente bem compensado volta a tomar sua medicação assim que a dieta for retomada.”
A cirurgiã relata que, normalmente, quando as pessoas com diabetes procuram o consultório do plástico, já são acompanhadas por um endocrinologista. “Sempre peço a avaliação deste profissional, que acompanha o paciente de forma seqüencial”.
PLÁSTICA X ADOLESCÊNCIA
As questões relacionadas ao corpo são mais delicadas na adolescência. Segundo Rosana Manchon, psicóloga especializada em adolescentes e com 20 anos de experiência em diabetes, nesta fase são as mudanças corporais que impõem uma nova identidade, por isso a preocupação com a aparência é tão significativa.
“A preocupação com a imagem acaba sendo o tema central da adolescência. Com isso, o jovem cria fantasias em relação à cirurgia plástica, depositando a esperança da resolução de seus conflitos internos em um procedimento. Existe a modificação positiva da auto-estima, mas não na proporção que o adolescente imagina. A plástica vai ajudar, mas apenas nas questões relacionadas ao corpo”, argumenta Rosana.
Na opinião da Dra. Beatriz, existem casos que, embora sejam considerados estéticos, interferem diretamente na adolescência. “A menina que tem seios muito grandes chega ao consultório com uma camiseta enorme, com o cabelo bem comprido escondendo a mama e já tendo ganhado apelido na escola. No primeiro pós-operatório, mesmo cheia de faixas e pontos, essa paciente já vem de camiseta justinha. Há uma mudança quase imediata. O mesmo acontece com quem não tem mama, ou com quem tem um nariz muito grande”, exemplifica.
Entretanto, a cirurgiã enfatiza que o adolescente só pode ser operado com autorização do responsável. “Além disso, deve haver um consenso entre médico e paciente sobre o que é melhor. No caso da redução da mama fica uma cicatriz que pode não ser de boa qualidade. As explicações têm de ser bem realistas, às vezes até mostro fotos de pós-operatório e pergunto se ela quer mesmo assim.”
De acordo com Rosana, quando pensa em cirurgia plástica o adolescente deve ponderar e verificar se há indicação médica para o seu caso. Muitas vezes, buscar a transformação do corpo através de reeducação alimentar e exercícios é mais vantajoso e pode ajudar na resolução dos conflitos internos.
No entanto, tomando todos os cuidados e tendo orientação médica, a cirurgia plástica pode ser mesmo um benefício. Pese os prós e os contras e decida o que pode melhorar seu humor e sua auto-estima. Invista, resolva o que o incomoda e continue de bem com a vida!
Pensando na plástica?
Se você está pensando em realizar uma cirurgia plástica, precisa avaliar bem os riscos que vai correr. Lembre-se de que a moda passa, mas as cicatrizes ficam. Por isso avalie alguns itens antes de tomar uma decisão:
• Esta cirurgia plástica é importante para você?
• O que o procedimento vai mudar em sua vida?
• Vale a pena se expor ao risco cirúrgico?
• Você terá uma cicatriz, mesmo assim quer operar?
• Lembre-se que, às vezes, uma dieta adequada e um programa de exercícios físicos pode dar o resultado esperado, portanto, procure os priorizar.
• Não crie falsas expectativas.
Se, depois de refletir, sua decisão for sim, tome alguns cuidados:
• Procure um cirurgião por indicação e não por propaganda.
• Procure saber se o profissional pertence à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
• Desconfie de promessas milagrosas. Lembre-se que cirurgia não é mágica.
• Se você tem diabetes, peça orientação do seu endocrinologista. Cirurgias eletivas pedem programação e segurança.
FONTE: Revista “De bem com a Vida” – Publicação da Roche
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