Tatiana Clébicar - O Globo Online
RIO - Aos 72 anos, depois de 15 sem passar por um médico, o escritor José Louzeiro enfrentou um problema que pode atingir quase 14 milhões de brasileiros: as complicações do diabetes tipo 2 levaram à amputação de sua perna direita, do pé esquerdo e de dedos da mão e ainda provocaram uma perda temporária da visão. Apesar disso, o roteirista de "Lúcio Flávio" e "Pixote" faz um relato otimista de seu drama no livro "Diabetes: inimigo oculto". Com a intimidade de quem chama a oponente de "dona Morte", ele conta como a alta de glicose no sangue transformou sua vida.
- Esta é uma doença solerte. Ela é mortal e silenciosa. Eu nunca havia tido problemas e, de repente, tive uma crise violentíssima provocada por uma alta de glicose. A taxa ultrapassou os 320 mg/dl - diz ele, sobre o índice que, em pessoas saudáveis, fica entre 80 mg/dl a 99 mg/dl.
No livro, ele lembra que se orgulhava de dizer que não tinha a doença sempre que perguntavam: "Imagine! Por que teria diabetes se nunca fui de beber, a não ser socialmente, e os doces nunca estiveram na minha preferência (...). Engano meu. Os inimigos ocultos já estava fazendo a festa 'dentro da minha pessoa', como diria o sábio malandro da Lapa".
Para o endocrinologista Leão Zagury, situações como a enfrentada por Louzeiro podem ser evitadas se as pessoas fizerem exames e valorizarem o resultado ainda que levemente alterado:
" O controle estrito dos níveis de açúcar no sangue é a melhor forma de se prevenirem as complicações. "
- O mais importante é o diagnóstico precoce. Para os portadores de diabetes tipo 1, há insulinas modernas, mais próximas com a que sintetizada pelo organismo, e de mais rápida absorção. Para os portadores do tipo 2, há inúmeros medicamentos que aumentam e melhoram a secreção da insulina e do glucagon, um hormônio produzido pelas células alfa do pâncreas, que interage com a a taxa de glicose. O controle estrito dos níveis de açúcar no sangue é a melhor forma de se prevenirem as complicações.
Tratamento com especialista
Zagury afirma que um dos maiores problemas é o tratamento não especializado. Ao apresentar um exame de glicose alterado, a pessoa deve procurar um endocrinologista.
- Vejo muita gente tratando diabetes com o cardiologista. Anos depois aparecem as complicações. Às vezes, um médico que não é especialista se depara com um nível de glicose um pouquinho alterado e não valoriza. Uma pessoa que apresente uma taxa entre 100mg/dl e 126 mg/dl tem intolerância à glicose e é um candidato a diabetes. O controle e a mudança de hábitos devem começar logo.
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