O maior tabu na dieta dos diabéticos caiu por terra há muito tempo: o de que eles não podem comer carboidratos. Eles podem comer, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva.
No início...
“O homem é sempre sua própria doença. O que sofre da doença doce, quando a urina é sacarina, quase sempre é um temperamento auto-indulgente, que tem origem numa recusa egoística de cuidar dos outros, a não ser dele próprio. Assim, os outros não o amam e para satisfazer seu natural e humano desejo de amor come os doces da terra, em vez dos doces do espírito. Nada podemos fazer senão prescrever as carnes mais magras, os legumes e frutas que menos amido contenham e restringir ou omitir os doces. Pouco, entretanto, se consegue, a não ser a penosa privação e o prolongamento de uma vida restrita, a não ser que o paciente tenha um enfraquecimento do espírito e assim se habilite a amar, para além de si próprio”.
(Médico de Homens e de Almas, de Taylor Caldwel)
Nos dias de hoje...
Não é difícil imaginar um médico da era antes de Cristo discursando dessa forma sobre a dura sina de um diabético, descrevendo os sintomas da doença e finalmente, resumindo o único tratamento disponível, na época, à restrição extrema de alimentos.
Na era pré-insulínica, o rigor da restrição calórica, em geral, e dos carboidratos, em particular, levava à desnutrição dos pacientes e, mesmo assim não impedia a alta mortalidade dos diabéticos dependentes de insulina e a alta morbidade dos não insulino-dependentes.
Atualmente, a orientação nutricional dos pacientes com diabetes se aproxima muito daquela direcionada às pessoas sem a doença, da mesma idade e sexo. “Quando o médico restringe as calorias das dietas dos pacientes com diabetes, está tratando a obesidade desse paciente, e não o diabetes. Quando restringe a ingestão de gorduras, está mirando nos distúrbios do perfil lipídico, e não no diabetes. Quando o endocrinologista recomenda a ingestão de proteínas em 15-20% do valor calórico total não está fazendo nada de diferente em relação à prescrição de dietas para pessoas sem diabetes”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva.
Finalmente, o maior tabu na dieta dos diabéticos já caiu por terra há muito tempo - diz a médica - o de que eles não podem comer carboidratos. “Eles podem, inclusive, comer os ‘temidos’ açúcares simples, como a glicose, a frutose e até a sacarose”, diz a especialista, que também é médica nutróloga.
Vivendo com qualidade
Isso não significa que as pessoas com diabetes devam viver como se não tivessem a doença, pelo contrário, isso significa que elas devem se alimentar melhor para terem mais saúde. Quando um paciente de 50 anos, obeso e hipertenso, procura o endocrinologista para tratamento, ele deve ser orientado a seguir uma dieta muito parecida a de uma pessoa que não tem diabetes. Se for diabético, o médico dará maior atenção ao fato de que ele tem maior risco coronariano, pela associação de fatores de risco.
A primeira preocupação na dieta do diabético é o valor calórico desta. Se ele tem peso normal, as calorias serão calculadas no sentido de manter peso, ou seja, em média 1800 calorias para uma mulher jovem e 2500 para um homem jovem. “Esse cálculo é variável, na dependência do paciente praticar ou não exercícios físicos. Se o paciente tem sobrepeso ou obesidade, o médico, geralmente, calcula um déficit calórico de cerca de 500-700 calorias”, complementa Ellen Simone Paiva.
A orientação nutricional para esse paciente deve prever 3 refeições e 2-3 lanches. Esses lanches também podem ser negociados com o paciente. Uma vez que dependem de sua fome, preferências e disponibilidade. Até o rigor nos horários das refeições dos diabéticos tem sido reduzido, uma vez que, no mercado, estão disponíveis drogas orais que podem ser tomadas minutos antes das mesmas e até insulinas que fornecem a cobertura basal, independente das refeições, e insulinas que também podem ser aplicadas no momento da refeição.
O que é permitido comer?
O resultado de tantos avanços tecnológicos e medicinais é a possibilidade de oferecer mais conforto e comodidade para a vida do paciente com diabetes. “A mulher diabética que prepara o almoço de domingo para os filhos e netos, agora já pode aguardar por eles e para almoçarem, juntos, às 15 horas, ao invés de comer sozinha ao meio dia, porque seu tratamento não lhe permitia almoçar mais tarde”, afirma a médica que é mestra em nutrição e diabetes pela USP.
Atenção às frutas
As frutas, muitas vezes, são uma armadilha para a dieta dos diabéticos. É comum o paciente classificá-las como alimentos muito saudáveis, que podem ser ingeridos à vontade. Na verdade não podem. Assim como os não diabéticos, eles devem consumir em média 4 porções de frutas por dia, “pois apesar de muito saudáveis, as frutas são calóricas e podem dificultar a perda de peso nos obesos e a titulação da insulina nos pacientes insulino-dependentes”, informa Ellen Paiva.
Ingestão de bebidas alcoólicas
O consumo do álcool tampouco deve ser abolido do cotidiano do paciente com diabetes compensado. Doses seguras são de até duas doses diárias para o homem e até uma dose para mulher, o que representa uma média de 15-30g de álcool. “É importante lembrar que nunca devem ingerir álcool sem comer, devido ao risco da hipoglicemia e que o álcool fornece cerca de 7 calorias por grama consumida. Essas orientações não são aplicáveis aos pacientes com diabetes descompensado, e àqueles com triglicérides elevados ou com risco de abuso ou dependência”, adverte a endocrinologista.
Consumo de arroz e doces...
É preciso ensinar ao paciente diabético que o arroz não faz mal, só quando consumido em grande quantidade. E que os doces não devem ser abolidos de seus cardápios, a menos que o paciente esteja descompensado ou obeso, bem como no caso dos não diabéticos. “Doces gordurosos devem ser restringidos quando ocorrer elevação das gorduras do sangue, assim como nas pessoas não diabéticas”, diz a médica.
O tratamento nutricional dos pacientes com diabetes deve ser individualizado, respeitando seus hábitos, preferências nutricionais, perfil metabólico, tipo de medicamento utilizado, peso corporal e estilo de vida. A esse paciente deve ser dado o direito de entender como manipular sua dieta e a possibilidade de ser feliz, convivendo com o diabetes.
Fonte: CITEN – Centro Integrado de Terapia Nutricional
Tel: (11) 5579-1561 / 5904-3273
No início...
“O homem é sempre sua própria doença. O que sofre da doença doce, quando a urina é sacarina, quase sempre é um temperamento auto-indulgente, que tem origem numa recusa egoística de cuidar dos outros, a não ser dele próprio. Assim, os outros não o amam e para satisfazer seu natural e humano desejo de amor come os doces da terra, em vez dos doces do espírito. Nada podemos fazer senão prescrever as carnes mais magras, os legumes e frutas que menos amido contenham e restringir ou omitir os doces. Pouco, entretanto, se consegue, a não ser a penosa privação e o prolongamento de uma vida restrita, a não ser que o paciente tenha um enfraquecimento do espírito e assim se habilite a amar, para além de si próprio”.
(Médico de Homens e de Almas, de Taylor Caldwel)
Nos dias de hoje...
Não é difícil imaginar um médico da era antes de Cristo discursando dessa forma sobre a dura sina de um diabético, descrevendo os sintomas da doença e finalmente, resumindo o único tratamento disponível, na época, à restrição extrema de alimentos.
Na era pré-insulínica, o rigor da restrição calórica, em geral, e dos carboidratos, em particular, levava à desnutrição dos pacientes e, mesmo assim não impedia a alta mortalidade dos diabéticos dependentes de insulina e a alta morbidade dos não insulino-dependentes.
Atualmente, a orientação nutricional dos pacientes com diabetes se aproxima muito daquela direcionada às pessoas sem a doença, da mesma idade e sexo. “Quando o médico restringe as calorias das dietas dos pacientes com diabetes, está tratando a obesidade desse paciente, e não o diabetes. Quando restringe a ingestão de gorduras, está mirando nos distúrbios do perfil lipídico, e não no diabetes. Quando o endocrinologista recomenda a ingestão de proteínas em 15-20% do valor calórico total não está fazendo nada de diferente em relação à prescrição de dietas para pessoas sem diabetes”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva.
Finalmente, o maior tabu na dieta dos diabéticos já caiu por terra há muito tempo - diz a médica - o de que eles não podem comer carboidratos. “Eles podem, inclusive, comer os ‘temidos’ açúcares simples, como a glicose, a frutose e até a sacarose”, diz a especialista, que também é médica nutróloga.
Vivendo com qualidade
Isso não significa que as pessoas com diabetes devam viver como se não tivessem a doença, pelo contrário, isso significa que elas devem se alimentar melhor para terem mais saúde. Quando um paciente de 50 anos, obeso e hipertenso, procura o endocrinologista para tratamento, ele deve ser orientado a seguir uma dieta muito parecida a de uma pessoa que não tem diabetes. Se for diabético, o médico dará maior atenção ao fato de que ele tem maior risco coronariano, pela associação de fatores de risco.
A primeira preocupação na dieta do diabético é o valor calórico desta. Se ele tem peso normal, as calorias serão calculadas no sentido de manter peso, ou seja, em média 1800 calorias para uma mulher jovem e 2500 para um homem jovem. “Esse cálculo é variável, na dependência do paciente praticar ou não exercícios físicos. Se o paciente tem sobrepeso ou obesidade, o médico, geralmente, calcula um déficit calórico de cerca de 500-700 calorias”, complementa Ellen Simone Paiva.
A orientação nutricional para esse paciente deve prever 3 refeições e 2-3 lanches. Esses lanches também podem ser negociados com o paciente. Uma vez que dependem de sua fome, preferências e disponibilidade. Até o rigor nos horários das refeições dos diabéticos tem sido reduzido, uma vez que, no mercado, estão disponíveis drogas orais que podem ser tomadas minutos antes das mesmas e até insulinas que fornecem a cobertura basal, independente das refeições, e insulinas que também podem ser aplicadas no momento da refeição.
O que é permitido comer?
O resultado de tantos avanços tecnológicos e medicinais é a possibilidade de oferecer mais conforto e comodidade para a vida do paciente com diabetes. “A mulher diabética que prepara o almoço de domingo para os filhos e netos, agora já pode aguardar por eles e para almoçarem, juntos, às 15 horas, ao invés de comer sozinha ao meio dia, porque seu tratamento não lhe permitia almoçar mais tarde”, afirma a médica que é mestra em nutrição e diabetes pela USP.
Atenção às frutas
As frutas, muitas vezes, são uma armadilha para a dieta dos diabéticos. É comum o paciente classificá-las como alimentos muito saudáveis, que podem ser ingeridos à vontade. Na verdade não podem. Assim como os não diabéticos, eles devem consumir em média 4 porções de frutas por dia, “pois apesar de muito saudáveis, as frutas são calóricas e podem dificultar a perda de peso nos obesos e a titulação da insulina nos pacientes insulino-dependentes”, informa Ellen Paiva.
Ingestão de bebidas alcoólicas
O consumo do álcool tampouco deve ser abolido do cotidiano do paciente com diabetes compensado. Doses seguras são de até duas doses diárias para o homem e até uma dose para mulher, o que representa uma média de 15-30g de álcool. “É importante lembrar que nunca devem ingerir álcool sem comer, devido ao risco da hipoglicemia e que o álcool fornece cerca de 7 calorias por grama consumida. Essas orientações não são aplicáveis aos pacientes com diabetes descompensado, e àqueles com triglicérides elevados ou com risco de abuso ou dependência”, adverte a endocrinologista.
Consumo de arroz e doces...
É preciso ensinar ao paciente diabético que o arroz não faz mal, só quando consumido em grande quantidade. E que os doces não devem ser abolidos de seus cardápios, a menos que o paciente esteja descompensado ou obeso, bem como no caso dos não diabéticos. “Doces gordurosos devem ser restringidos quando ocorrer elevação das gorduras do sangue, assim como nas pessoas não diabéticas”, diz a médica.
O tratamento nutricional dos pacientes com diabetes deve ser individualizado, respeitando seus hábitos, preferências nutricionais, perfil metabólico, tipo de medicamento utilizado, peso corporal e estilo de vida. A esse paciente deve ser dado o direito de entender como manipular sua dieta e a possibilidade de ser feliz, convivendo com o diabetes.
Fonte: CITEN – Centro Integrado de Terapia Nutricional
Tel: (11) 5579-1561 / 5904-3273
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