19 de julho de 2010 • 19h45
Fonte: Terra BrasilVIENA, Áustria, 19 Jul 2010 (AFP) -Um gel microbicida, que contém antirretroviral a 1%, reduz em até 54% o risco de infecção por HIV em comparação com o gel vaginal comum, revelou esta segunda-feira um estudo publicado em Viena, onde se celebra a conferência internacional sobre a Aids.
O estudo, intitulado CAPRISA 004 e iniciado em 27 de fevereiro de 2007, foi publicado na revista Science. Seu objetivo é estabelecer a eficácia e a segurança de um gel com 1% de tenofovir, um inibidor de transcriptase reversa, amplamente utilizado como antirretroviral para a prevenção da Aids entre as mulheres.
O estudo foi chefiado por Salim e Quarraisha Abdul Karim, casal que trabalha para o Centro para o Programa de Pesquisas sobre Aids na África do Sul (CAPRISA) em Durban.
O teste de fase 2, que visa a estabelecer a inocuidade e a eficácia de um produto, foi realizado com mulheres sul-africanas, de 18 a 40 anos soronegativas e sexualmente ativas: 445 receberam gel com ARV e 444 um gel inócuo.
As mulheres, que deviam usar uma dose de gel 12 horas antes da relação sexual e uma segunda dose nas 12 horas seguintes, foram controladas mensalmente durante 30 meses sobre o uso do gel e do preservativo, sobre sua vida sexual, etc.
A incidência do HIV foi 54% inferior nas mulheres que seguiram completamente o tratamento, 38% entre as que o acompanharam moderadamente e 28% entre as que o acompanharam mal, ou seja, foi constatada uma redução média da incidência de 39%. Não houve efeitos negativos, nem mesmo entre as mulheres infectadas, sinais resistência ao tenofovir.
No entanto, este gel parecia ser menos eficaz ao fim de 18 meses e 40% das mulheres o usavam menos de uma vez em cada dois.
Estes resultados ainda devem ser validados por uma terceira fase de testes com mais de 4.000 mulheres, e que já foi iniciada.
Segundo os responsáveis pelo estudo, o gel com antirretroviral poderia "preencher uma lacuna importante na prevenção contra o HIV, principalmente para as mulheres incapazes de negociar com sucesso a monogamia mútua ou o uso do preservativo".
"Nosso desafio agora é entender sobre que base biológica algumas mulheres são infectadas apesar do tenofovir, e sobretudo tentar melhorar o acompanhamento do tratamento", informou Salim Abdul Karim durante videoconferência.
Os microbicidas são produtos que podem ser aplicados tanto na vagina quanto no reto. Ao longo de 20 anos de pesquisas sobre o produto, nenhum dos 11 testes dos seis produtos candidatos demonstrou proteger contra a infecção. Alguns provocaram inclusive a sobreinfecção.
Se este estudo positivo se confirmar, o gel poderia ser usado como complemento da circuncisão, que protege unicamente os homens em 60% dos casos.
As mulheres representam 60% das pessoas infectadas por HIV na África, onde estão 70% dos casos de infecção do planeta.
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