15/07/2010 06h58min
ZerohoraTodos os anos, em 15 de julho, é celebrado o dia do homem, mas a data serve também como alerta. Eles cuidam muito mal da própria saúde e ignoram em sua maioria, os benefícios da medicina preventiva. Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens brasileiros vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Para o presidente nacional da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Modesto Jacobino, esse verdadeiro problema de saúde pública no Brasil se explica por quatro fatores culturais.
— Em primeiro lugar, o homem se considera o todo-poderoso e não acredita em prevenção, pois não vê o pai indo regularmente ao urologista, como a menina acompanha a mãe ao ginecologista. Além disso, não existem centros públicos de referência para atendê-los. Outro grande problema é a jornada de trabalho. Como ir a um posto de saúde no horário de trabalho? É preciso investir em horários altenativos. Mas, na minha opinião, o que me parece mais grave é que, ao encontrar profissionais do sexo feminino nos postos de atendimento, os homens se intimidam e dificilmente falam de seus problemas reais, dificultando o diagnóstico — explica.
Com esse panorama, alerta Jacobino, as estatísticas que mostram que os casos de disfunção erétil, câncer de próstata e andropausa aumentam gradativamente são alarmantes.
— Cerca de 50% da população masculina apresenta algum grau de disfunção erétil. Os 10% que procuram ajuda médica, em geral, demoram até três anos para chegar ao consultório — afirma.
Já o câncer de próstata é o mais frequente no homem, representando mais de 40% dos tumores que os atingem acima dos 50 anos. No Brasil, o Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA) estima mais de 50 mil novos casos somente em 2010 e a causa da doença ainda não é bem conhecida.
A recomendação é que os homens com idade acima de 40 anos com história familiar de câncer de próstata, e acima de 45 anos, mesmo sem história familiar, façam os exames periódicos para a detecção precoce do câncer de próstata.
— Os homens negros com mais de 40 anos devem fazer o exame mesmo sem casos na família. Pois esta é a população mais atingida pela doença — explica.
Andropausa
No caso da Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) conhecida, também, como Andropausa, que faz referência a "menopausa" masculina, é um fenômeno caracterizado pela queda do hormônio sexual do homem - a testosterona - acompanhada de sintomas clínicos típicos.
A doença, que afeta de 10% a 30% dos homens acima de 60 anos, apresenta sintomas, principalmente relacionados à diminuição da libido (desejo sexual), alteração do desempenho e da freqüência sexual, cansaço físico e mental, irritabilidade, perda de massa muscular, aumento de gordura da região abdominal, perda de pêlos, alteração da textura da pele, que fica mais fina, e em alguns casos, osteoporose, o que pode ser controlado, caso aja acompanhamento médico.
Segundo Jacobino, se houvesse mais investimento e discussão em torno do assunto, a qualidade vida dos brasileiros seria melhor. Após diversas reuniões no ministério da Saúde, a SBU conseguiu colocar o tema no relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que ainda vai ser voltado.
- No Brasil, há 90 milhões de brasileiros do sexo masculino, 45 milhões deles em idade produtiva, pagando impostos e eles têm direito a receber essa contrapartida. Se o Congresso aprovar essa medida, política de saúde pública para homens será política de Estado no Brasil e não mais de governo - destaca.
Movimento pela Saúde Masculina
Com o propósito de promover a medicina preventiva entre os homens, a SBU, apoiada pela indústria farmacêutica Eli Lilly, criou o Movimento pela Saúde Masculina. A campanha tem o auxílio de um consultório móvel que está percorrendo as principais capitais brasileiras. Além disso, há um site informativo, Blog, Twitter e campanha televisiva.
Até o momento, mais de 10 mil homens visitaram o consultório. Na caravana uma equipe de enfermeiros traça o perfil do visitante e levanta todas as queixas e dúvidas. Os médicos realizam uma entrevista individual para orientar e indicar os melhores caminhos a serem tomados, e realizam somente exames físicos conforme cada caso.
— O Movimento pela Saúde Masculina busca esclarecer o papel do urologista na vida do homem, e conscientizar a população masculina sobre a importância do diagnóstico precoce como forma de prevenção de doenças — esclarece o Dr. Giovani Thomaz Pioner, Presidente da SBU do Rio Grande do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário